Ecos da Madrugada
O silêncio em luz amena era banhado!
Naquela noite, atrás das nuvens o luar
À maneira de um rosto envergonhado
De forma estranha parecia se ocultar!
No conforto da poltrona ensimesmado
Eu repousava como rei muito odiento
Dono de um reino erigido e alicerçado
sobre a estrutura visceral do sofrimento!
Quando foi que eu perdi minha alegria?
Há muito jazem sepultados os meus planos
E sob o lodo esverdeado dos enganos
Se foi o viço da esperança que eu nutria!
Desde quando em meu cérebro passeia
Esta ideia extremamente obssessiva
Mais avivada que o clarão da lua cheia
Mais sedutora que os ardis de uma lasciva!?
Nesta hora com a voz da própria vida
impregnada de afeição e de mesura
Uma canção ruidosamente percutida
Rompe o silêncio funeral da noite escura!
"Chorai, alma guaiada e aturdida
Deixai que a angústia te transporte
Se a esperança para sempre foi perdida
Ainda a podes encontrar em meio à morte!"
"Pobre alma, sei que muito te questionas
Todo homem leva em si um questionário
E as perguntas, que no seio aprisionas
Sao irasciveis animais de um bestiário!"
Mas a fera de expressão apaziguada
Que não ruge nem tão pouco vozifera,
A que surge no raiar da madrugada
É um alento para quem se desespera!
Esse monstro se rasteja qual ofídio;
Sua voz é como a voz de um confessor
Recomendando para expurgo da tua dor
A extremada expiação do suicídio!