Sinfonia do entardecer
Pela janela dos dias,
O olhar que vagueia desatento,
Não consegue lembrar-se de um tempo,
Onde a vida pulsava e vertia.
As mãos, que ora tremem vazias,
Já foram outrora o sustento,
Já foram a força e o alento,
E, hoje, imploram alegrias.
Os passos, que antes eram seu guia,
Inertes, já sem movimento,
Traduzem o dissabor do momento,
Expressam a cruel melodia.
E, aos poucos, a cabal letargia,
Leva embora todo o discernimento,
Deixando somente o desalento
E o crepúsculo como companhia...