Vida proletária miserável
Tô aqui toda molhada, cansada, estressada
Tudo isso pra receber tuas migalhas
Aturar toda merda que na cabeça me caga
Passar noites e noites acordada
Igual uma máquina
Tô revoltada
Olho pros meus pés inundados pelas pequenas gostas de chuva
Gotas que uma a uma, fizeram esse alvoroço
Gotas que uma a uma me sufocam com desgosto
Desânimo, cansaço, estresse
Isso que não faz 3 dias que eu sigo esse caminho apé
Ando dezenas de centenas de metros na rua Bagé
Sem VT, sem VA
Sem dignidade, sem nada
E o que me falta
Não tenho direito de cobrar
Se tu cobra a cobra da o bote
Ameaça tirar tudo que te resta e te deixa a mercê da morte
É o preço que tu paga por ser pobre
Humilhação, cansaço e miséria
E eu me esforçando pra sustentar essa megera
Fernanda, Fernanda, tu não mereces esse nome (nome da minha chefe)
Enquanto espalha a escrotidão mais pútrida do capitalismo eu espalho o amor
E mesmo diante desse caos obsceno normalizado
Eu ainda me pego desenhando coraçõezinios na janela embaçada do ônibus, e dando boa noite pro motorista com um sorriso no rosto
Eu ainda me pego segurando o choro e fingindo que sou forte o suficiente pra aguentar essa realidade capitalista escravocrata
Sou fraca, frágil e emotiva
E por mais que ignorante filosoficamente, carrego a bandeira comunista.