Mudez d'alma

Eu já escrevi com giz

Desenhei na poeira

Risquei o chão com pedras

E sangrei as paredes

Meu tom monocórdico

Meu tom grave

Ou o meu tom suave

Não foram ouvidos

Meu gritos repetitivos

Minhas manhãs desesperadas

E meus choros noturnos

Nunca foram vistos

Gritei ao mundo

Meu tom mais agudo

Foi jogado ao vácuo

E resumido ao tom mudo

Sem ser entendida

Pensei estar falando outra língua

Talvez fosse de outro pais

Mas descobri que meu idioma não estava sendo ensinado no mundo

Já pensei ter ouvidos débeis

E acreditei não estar escutando as palavras alheias

Me esforcei por um resquício de som

Mas percebi que eu estava no silêncio

Sem ter respostas em sons

Tentei olhares, suguei visões em busca de estar sendo vista

Busquei gestos

E decretei que por não estar vendo, eu mesma era cega

Mas no fim, descobri que minha'lma não é muda, nem cega, nem surda

Apenas é ignorada.