MEDO
Tenho medo de velar o amor que eu vivo com ele
De deixar que minh'alma use o vestido negro da noite
Um longo véu de lágrimas cobrindo a cabeça
Eu não sei como iria enfrentar a vida e ir
Eu reclamaria das pedras que machucam os pés na caminhada
Ou o pé atolado durante a chuva
Eu seria um espírito moribundo
Porque do corpo já nem se diz mais
Eu seria a poetisa petrificada
A alma arrancada pelo próprio punho
Choro e silêncio
Não se sabe se é um bebê chorando ou um gato miando,
E nesse embalo sinto arrepios pelo corpo
Por este medo tão louco
Como se eu falasse sozinha com as paredes
Como um único humano num mundo transparente
Em um frio de ranger os dentes