Uma dor imensurável

Naquele fim de semana

onde tudo era planejado,

tinha jantar à luz de vela

e até passeio agendado.

O dia começara ensolarado

no entanto ainda gelado,

era meados do outono

na capital do Estado.

Ela estava linda, radiante,

seu olhar inebriante

Arrebatava meu coração,

a gente dançava, se abraçava

sorria sem medidas,

estava tudo encaminhado

mais uma viagem na conta,

de dias abençoados.

E num exagero, na loucura de um ato inexplicável,

nossa alegria veio abaixo.

Um segundo de bobeira,

dizimou nossa sintonia,

o sorriso transformara

em lágrima de despedida.

E aquele amor puro que a gente construía

veio ao chão como um nocaute, absoluto

sem volta, sem perdão, sem ré, sem noção.

Logo eu, tão exigente

tão dona do meu sermão

fora tão intransigente,

indecente, incoerente

com quem me deu seu coração.

Agora estou aqui, em farrapos pelo chão

Chorando em pensamento, por um ato sem perdão

E quanto somos vulneráveis,

Cheios de defeitos, escondidos no fundo do peito,

Tão profundo, tão guardado, escondido de nós mesmos.

E agora o vidro quebrado, jamais volta a ser o mesmo

Posso tentar trocar, lustrar, insufilmar,

Mas aqueles cacos quebrados,

jamais voltam pro mesmo lugar.

E se me atrever falar de arrependimento,

Esse sim, domina o meu peito,

Esmaga, sufoca, faz querer fugir

Fugir de quem? De si mesmo!

Da pessoa ruim que você hospeda dentro de si,

E finge que não existe, mas tá lá esperando pra sair.

Ana Sgobbi
Enviado por Ana Sgobbi em 21/06/2022
Código do texto: T7542310
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.