Uma dor imensurável
Naquele fim de semana
onde tudo era planejado,
tinha jantar à luz de vela
e até passeio agendado.
O dia começara ensolarado
no entanto ainda gelado,
era meados do outono
na capital do Estado.
Ela estava linda, radiante,
seu olhar inebriante
Arrebatava meu coração,
a gente dançava, se abraçava
sorria sem medidas,
estava tudo encaminhado
mais uma viagem na conta,
de dias abençoados.
E num exagero, na loucura de um ato inexplicável,
nossa alegria veio abaixo.
Um segundo de bobeira,
dizimou nossa sintonia,
o sorriso transformara
em lágrima de despedida.
E aquele amor puro que a gente construía
veio ao chão como um nocaute, absoluto
sem volta, sem perdão, sem ré, sem noção.
Logo eu, tão exigente
tão dona do meu sermão
fora tão intransigente,
indecente, incoerente
com quem me deu seu coração.
Agora estou aqui, em farrapos pelo chão
Chorando em pensamento, por um ato sem perdão
E quanto somos vulneráveis,
Cheios de defeitos, escondidos no fundo do peito,
Tão profundo, tão guardado, escondido de nós mesmos.
E agora o vidro quebrado, jamais volta a ser o mesmo
Posso tentar trocar, lustrar, insufilmar,
Mas aqueles cacos quebrados,
jamais voltam pro mesmo lugar.
E se me atrever falar de arrependimento,
Esse sim, domina o meu peito,
Esmaga, sufoca, faz querer fugir
Fugir de quem? De si mesmo!
Da pessoa ruim que você hospeda dentro de si,
E finge que não existe, mas tá lá esperando pra sair.