"Dessentindo"

Minha boca não anseia o beijo,

minhas mãos não deslizam o toque,

o nariz não inspira o odor,

os olhos não procuram a imagem

e os ouvidos não traduzem a canção.

Sequer minha mente imagina

alguma forma outra de existência

que faça paralisar o coração

para que, ao "dessentir" a vida,

sinta o fim e desperte

minha paz.

Nem ao menos a morte anseio

já que é preciso coragem para deseja-la

e sou medroso a tal proeza.

Nada que me atinge é absorvido.

Sinto a dor do impacto

mas a "dessinto" com a velocidade

do otimismo juvenil.

Sou apenas um corpo orgânico

vagando pelo mundo físico.