Vivendo no pretérito imperfeito
Sempre bati na tecla do tempo,
Uma cruel colecionadora,
Tem ou não sentimento?
Criadora ou destruidora?
Mas outrora sou hipócrita,
De destruir o que o tempo destrói,
Nesta autocrítica,
Nunca fui herói.
O tempo é cruel,
Como também sou conosco,
Não me sinto arte,
Somente esboço.
Se, somente se,
Pudesse recomeçar,
Escolheria novamente sofrer,
Sofrer de me amar.
Mudaria expectativas,
Minhas perspectivas,
Sonhos e ambições,
Quebraria menos corações.
Vivo preso ao mundo,
No seu jeito imundo,
Das felicidades constantes,
Dos desesperos abundantes,
Deste tempo, quanto desperdicei,
Um balde de sangue,
Milhares de léguas,
Onde cheguei.
Sim, estou ambicioso,
Como também receoso,
Gelado até o osso,
Do frio da vida.
Mercenário,
Correndo sob correntes,
Vendo minha paciência,
Acorrento minha existência.
Escravo de dinheiro e despesas,
Vendi até minhas presas,
Por um pouco de conforto,
Pelo eterno confronto.
Cansado estou,
Não consigo mudar,
Tolo sou,
Não consigo estudar.
Preciso ouvir que tudo estará bem,
Antes que eu cogite ir além,
Além do possível,
Além do meu consumível.
Trabalho árduo,
Presente no eterno aprendiz,
Fogo fátuo,
Sangro pelo nariz.
Cansaço não é opção,
Fraqueza também não,
Não está restando mais,
Paciência do que sou capaz.