CHORA A CHUVA
 
Meus olhos apagados
Vede a água cair,
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
 
(Camilo Pessanha)
 
Caiam lágrimas, 
rolem das minhas faces, por desdita
não tenho esse grande amor;
nesta vida, caminho dos desenlaces,
chovam lágrimas, 
chuva da minha dor.
 
Dos beirais,
nessa calma, antevejo impasses,
e no tempo de espera, 
sinto um pavor; sinto a chuva 
que rola, como cantasse,
na torrente das dores a recompor,
desde a fonte 
ao caminho dos olhos baços,
as tristezas constantes, 
até morrer,
desenganos e mágoas 
por meus fracassos.
 
Caiam lágrimas, 
venham me socorrer.
Velha frágua 
que escorre do meu regaço,
vai chorando e chorando 
a não mais poder.
 
Nilza Azzi


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