Não empreste meus olhos

Meu maior inimigo sou eu

Vivo preso em meus pensamentos

Olhos vidrados no vazio

Marejados pelas lágrimas secas

Desabafo em linhas

Rompo as linhas

Estico as linhas

As linhas que me controlam

Como uma marionete sem alma

Presa em sua própria tragédia

Programada para ser o que dizem

E não para ser o que deseja

É tão difícil respirar

O ar se torna brasa

E o que me resta é lamentar

E dizer : "Logo passa"

Mas no fundo eu sei

E você também sabe

Não vai passar tão rápido

Sim, a dor é constante e lenta

Então eu digo: "Não empreste meus olhos"

Pois verá um mundo quebrado

Com dor nos olhos e no peito

Quando lhe apontarem uma linda paisagem

-

Hoje me perguntaram se eu estava bem

Respondi com um sorriso treinado

Escrevi versos para me retratar com a realidade

E tentar dormir sem pensar no amanhã

Me dói os ossos

Me cansa pensar

Sou cativo de um carrasco cruel

Que carrega o mesmo rosto que o meu

PássaroAzul
Enviado por PássaroAzul em 23/05/2022
Código do texto: T7522502
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