Não empreste meus olhos
Meu maior inimigo sou eu
Vivo preso em meus pensamentos
Olhos vidrados no vazio
Marejados pelas lágrimas secas
Desabafo em linhas
Rompo as linhas
Estico as linhas
As linhas que me controlam
Como uma marionete sem alma
Presa em sua própria tragédia
Programada para ser o que dizem
E não para ser o que deseja
É tão difícil respirar
O ar se torna brasa
E o que me resta é lamentar
E dizer : "Logo passa"
Mas no fundo eu sei
E você também sabe
Não vai passar tão rápido
Sim, a dor é constante e lenta
Então eu digo: "Não empreste meus olhos"
Pois verá um mundo quebrado
Com dor nos olhos e no peito
Quando lhe apontarem uma linda paisagem
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Hoje me perguntaram se eu estava bem
Respondi com um sorriso treinado
Escrevi versos para me retratar com a realidade
E tentar dormir sem pensar no amanhã
Me dói os ossos
Me cansa pensar
Sou cativo de um carrasco cruel
Que carrega o mesmo rosto que o meu