A solidão humanizada
Me sinto com milhões de pessoas dentro de mim...
E tão sozinho ao mesmo tempo.
Uma solidão multiplicada no outro...
Buscando o sentido da vida num sentimento que se enche de inquietação.
Quando tudo perde a razão eu deixo de sentir a humanidade...
E como é triste não sentir a humanidade em nós.
Como é triste a razão perdida.
Foi assim de manhã.
Mas logo pensei, foi sonho...
Não, não foi.
Eu sumo em mim mesmo então.
E assim, novamente, suponho alguém no portão...
Onde estou eu?
Quem me chama?
Será o carteiro, o vizinho?
Será o oficial de justiça, o padeiro?
O policial perdido na rua?
O amigo também desencontrado?
Onde estará quem me chama...
Não, não há ninguém no portão.
Como é triste procurar luz numa imensidão de machucados...
Mas a tarde chega e tudo fica tarde...
Me sinto tão cansado!
Tão sozinho!
Que eu queria apenas uma solidão descansada.
Apenas isso já seria suficiente para sofrer levemente.
Uma solidão descansada!
Vida que vai, vida que vem...
Pura incerteza que me divide.
Mas o sol, por uma triste fresta, devora a ausência...
Devora o medo do que já aconteceu.
E apesar dos labirintos tortuosos das horas, uma voz...
Quando dei por mim, o silêncio e o fim do medo, o fim da tarde e sentido da vida apontando logo ali uma nova esquina...
Logo ali um novo sentido...