Ao meu doce arrependimento

O problema não é minha escolha

o problema é como a minha alma se olha

eu me vejo como alguém que sempre pôde dar amor

e ainda assim dei aos que me bem quiseram toda a dor

dei toda a frustração que eu carregava no peito

por um impulso de retribuir meu desalento

Meu problema não é a mágoa em si

e sim todas as pessoas que eu emudeci

toda a amargura que eu senti e transpareci

e com isso tantas amizades que eu adoeci

Meu problema é como o perdão se demora a aparecer

e isso faz minha esperança fenecer

enquanto o ódio do outro só quer aparecer

enquanto a amargura do outro me afeta

lembrando da época em que eu era a predileta

e agora vivo meus dias de forma tão quieta

Meu problema é que eu não gosto que desgostem de mim

em minha carência gosto de ser aplaudida até pelo meu tom carmim

desde o tom do sangue até a voz que soa vermelho vibrante

independente do que custe gosto que me chame e me cante

Sei do tamanho do meu egoísmo

sei que se soubesse ficaria pasmo

sei a tormenta que é quando cismo

e eu sei do tamanho do meu sadismo

Sei que erros machucam

sei que quando saio são os outros que arcam

sei que quando a dor vence as lágrimas secam

sei que quando o rancor faz morada as alegrias falham

e sei que quando a ira chega eles atacam

Eu não ligava para a dor que causava

não ligava para o calor que me davam

enquanto no meu peito geava

mas hoje me dói ver uma alma machucada

depois do gesto, do carinho e da fala alada

eu queria que tivesse algum perdão imediato

queria que esquecer as dores fosse o novo sensato

queria que algo lavasse a alma dele

desse desespero do abandono

queria algo que libertasse minha alma

desse desespero por cuidar do que eu machuquei

Eu queria que tivesse uma forma de falhar

sem a ninguém magoar, sem ter culpa para lidar

sem ter que me refrear, sem ter a tristeza do outro para cuidar

gostaria de criar o caos sem depois ter que ajeitar

A Aristocrata
Enviado por A Aristocrata em 19/05/2022
Código do texto: T7519660
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