Solidão e lembranças
A noite ficou em cada canto desse quarto,
em cada gesto perdido entre lembranças.
Não resta mais nada, que não seja tua partida.
Cansei das palavras não ditas, dessa tristeza,
daquelas poesias estéreis, que falam de solidão!
Não quero mais esses gestos vagos, obscuros,
que me vem pela janela, entoando indiferenças,
dos cantos trazidos pelo vento, nesse abandono.
Ficou sua lembrança em cada canto dessa casa,
no violão, no cinzeiro, nessa inútil cama, sem alentos.
Ficaram essas frases murmuradas entre paredes.
Partiu seu corpo enlevado de sussurros infindos.
Ficaram os tempos vividos na tepidez dessa sombra.
Solidão se revela, na derradeira claridade desse dia.