As memórias da ausência

No diário do esquecimento uma gentileza de memórias.

À luz do tempo e do nada eu ilumino as horas.

Vinte e duas horas de medo em uma hora de aflição.

Vinte e dois medos em uma hora e meia de pesadelos...

Dois minutos de espanto e logo estou de volta.

Dois segundos de vida e logo esqueço.

Esqueço as horas.

Esqueço as memórias.

Esqueço o tempo e o nada.

Esqueço o estranho dentro de mim...

Esquecimentos!

Uma estrela de manhã.

Um bolero, "Orgulho".

Pego um galho de amora, como uma maçã.

E esqueço do caminho...

Lembro apenas do que não devo esquecer...

O caminho de volta não me comporta.

Não suporta a presença dessa sombra...

A sombra do esquecimento numa _presença-ausente_ .

Esquecer me assusta.

Porque nada me pertence!

Nada!

E já não tenho medo do silêncio!

Já conheço a dor e a inversão do meu mundo...

Conheço a inexata coalizão das horas e do esquecimento...

Não tenho medo do escuro...

Não é lá que busco luz.

Eu já tenho...

Eu sou luz!

Somos!

Não tenho medo da escuridão do esquecimento .

Já sinto a aurora...

Ainda que seja na ausência do esquecimento e das memórias...

Ricardo Leal (Ponta de Diamante)
Enviado por Ricardo Leal (Ponta de Diamante) em 17/05/2022
Reeditado em 19/05/2022
Código do texto: T7517823
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