As memórias da ausência
No diário do esquecimento uma gentileza de memórias.
À luz do tempo e do nada eu ilumino as horas.
Vinte e duas horas de medo em uma hora de aflição.
Vinte e dois medos em uma hora e meia de pesadelos...
Dois minutos de espanto e logo estou de volta.
Dois segundos de vida e logo esqueço.
Esqueço as horas.
Esqueço as memórias.
Esqueço o tempo e o nada.
Esqueço o estranho dentro de mim...
Esquecimentos!
Uma estrela de manhã.
Um bolero, "Orgulho".
Pego um galho de amora, como uma maçã.
E esqueço do caminho...
Lembro apenas do que não devo esquecer...
O caminho de volta não me comporta.
Não suporta a presença dessa sombra...
A sombra do esquecimento numa _presença-ausente_ .
Esquecer me assusta.
Porque nada me pertence!
Nada!
E já não tenho medo do silêncio!
Já conheço a dor e a inversão do meu mundo...
Conheço a inexata coalizão das horas e do esquecimento...
Não tenho medo do escuro...
Não é lá que busco luz.
Eu já tenho...
Eu sou luz!
Somos!
Não tenho medo da escuridão do esquecimento .
Já sinto a aurora...
Ainda que seja na ausência do esquecimento e das memórias...