Oxidação umbilical
O suspiro que me leva ao delírio sente a casa vazia.
Minha face vazia, perdida...
Minha rua vazia
Minha alma vazia.
Vazia de casa e moradia.
Mas logo tudo se explica, de boca a boca...
Não sei se isso é bom.
Mas é o caminho do perigo.
Eu, tu, tu e eu...
Nosso umbigo! Cortado!
Não sei se isso é bom.
Mas todo amor é amigo do perigo...
A turva curva de uma escura tarde escura me flecha.
Como uma tarde turva, em curva e escura.
Tento correr e apesar da pressa, vejo tudo lentamente.
Afinal, é uma curva.
Como uma dor que se costura em sí-la-bas...
E assim cada letra morta chega em cada linha pela dor, e não pelas palavras turvas.
Tampouco pelas curvas das palavras.
E numa medida sem medida escreve os retalhos de uma existência desencontrada...
Enquanto queimo o passado e o medo numa panela fria, escuto a infância em chamas.
Chamas, em mim, tbm!
Arde, é fogo! Arde assim como uma tarde escura.
Penso na minha próxima versão...
E esqueço, novamente, da tarde escura, do fogo, do medo e das queimaduras...
A fria tarde fria, escurece tbm
a mais iluminada árvore da rua.
Como um colo frio, num lugar frio, partindo o frio da alma na escuridão de uma tarde já desbotada.
Castigo para dois. Crime para dez!
É tudo novo. De novo! De novo?
De novo.
Tribunal do nada!
Nada ainda, ainda nada.
Nada mais!
Nada palpável, nada senão a morte das horas e a escuridão da tarde escura...