Hoje sonhei com você
Era tarde da noite,
Estrela no céu brilhavam,
E a lua,
Esplêndida,
Veio me dizer,
Que ainda me amava.
Em uma mochila,
Juntei os poucos trapos que tinha,
Alguns trocados no bolso,
Parti pra terra querida.
O destino era aquela cidade,
Daquela moça,
Pela qual meu coração,
Ainda bate de saudade.
…
O cheiro,
É do interior,
Do meu interior,
Caminho e observo,
Muita coisa mudou.
Noto que há mais prédios,
O som,
Um pouco mais alto ficou,
Passeio pelo comércio,
Nenhuma das antigas lojas restou.
Vamos cambar.
Cambará o bairro que me marcou!?
Sigo com os pés descalços,
Olhos atentos,
Não quero deixar que nada,
Prejudique meus sentidos,
E percepção.
Quero de cada detalhe desfrutar,
Ouvir o que essa terra diz,
Sentir o seu sol arder,
Quero a benção da chuva,
E a noite pra me proteger.
…
Passei na rua de cima,
Aonde você morava,
Sentei,
Acendi um cigarro,
Pude ver,
Como tudo havia mudado,
Mas vi a sua presença,
E também de um eu do passado.
Olhei ao lado,
Foi você aparecer,
Eu, um pouco acelerado,
De felicidade acanhado,
Mas pude sorrir pra você.
Você se aproxima,
Linda,
E do tempo,
Perco a noção,
Me chama,
Só pude ir,
Aponta a direção.
E novamente em segredo,
Dois corpos em comunhão,
Pude sentir sua pele,
Segurar suas mãos,
O mistério protegidos por blocos,
Frente a uma casa em construção.
Nos despedimos,
E marcamos de nos encontrar domingo,
Na igreja.
Sem a intenção,
Mas talvez para pedir perdão,
Não pelo pecado,
Se há,
Mas por tanto tempo ter carregado,
Pela saudade que tem machucado,
Esse amor no coração.
A mochila,
Ficou pelo caminho,
O despertar,
Aumentou a saudade,
Foi um sonho de menino,
E seu amor de verdade.
E com lágrimas nos olhos,
Volto a realidade,
Sinto o cheiro da flor,
Flor de minha mocidade.
Se puder volto ao rio,
Que corre por entre as pedras,
Para ver minha sereia,
Na praça,
Que um dia foi nossa,
De frente a casa dela.
A realidade machuca,
Eu prefiro a ilusão,
Vou me prender no passado,
Pra sair dessa prisão.
Hoje sonhei com você.