INEXTINGUÍVEL ESTIGMA
Quem dera fossem
Despidos do soturno manto
Que envolve inteiramente
O tenebroso reino profundo
Dos segregacionistas...
E quem dera fossem cândidos
E tolerantes às distintas raças,
As almas ou os negros espíritos
Que se escondem detrás
Das brancas peles, mas que,
Não transfixam a sacra e nua luz
Das claras e divinas almas
Que debaixo das negras peles,
Erguem suas sacras aras,
Forçadas ao sacrifício
De conduzirem nos ombros
As dolorosas chagas causadas
Pela estupidez dos escravocratas
Ou de quem fazem apologias
Ou praticam o ódio irracional.
Quem dera fossem belas,
As sombrias e enregeladas almas
Dos preconceituosos, assim como
São belas as negras peles
Que travestem as luzidas
E desnudas almas daqueles que,
De outrora, trazem na alma,
Cravado na própria alma,
O inextinguível estigma ou marca
Da injustiça e da crueldade
Ou que ainda hoje enfrentam
Os preconceitos daqueles que
Ignoram os princípios da dignidade,
Da igualdade social e racial
E dos verdadeiros valores humanos.
Citação: Lei 9.610/98.
De fevereiro de 1998.