De ponto em ponto

Durante uma eternidade

eu procurei me esconder.

pra que nenhuma falsidade,

ou deste mundo, a crueldade

voltasse a me entristecer.

Então um dia, sem maldade

tu resolveu aparecer:

Busão lotado, fim de tarde.

- Meu coração fez um alarde. -

E eu resolvi pagar pra ver.

Eu liberei aquela parte

que um dia eu fiz adormecer.

E a cada dia de passagem

eu procurava a sua imagem

pra mais e mais eu me perder.

E sem saber pra onde eu ia

eu te seguia sem querer.

A tua imagem refletia

pela janela - que agonia -

sem um olhar me devolver.

E pouco a pouco eu entendia

o que eu quis sempre aprender:

Que vale mais a poesia

que vira e mexe eu escrevia

do que o que possa acontecer.

Porquê por mais que em nada acabe,

essa é a razão do meu viver.

A cada ponto um novo impasse,

a cada verso um novo enlace

e um novo jeito de sofrer.