INCÔMODO SILÊNCIO

Pela mesma estrada que ela veio um dia,

Hoje com os olhos tristes eu a vejo ir

E rapidamente, tão rapidamente, agora

Eu a vejo sumir nas curvas empueiradas

Dessa estrada que parece não ter fim.

Maldita estrada, ela que tem por destino

E não por acaso, trazer por uns tempos

E levar para sempre o meu grande amor.

E assim, mais uma vez eu vejo se esvair...

Eu vejo fugir do alcance dos meus olhos,

Na medida em que some naquela estrada,

O vulto daquela mulher que eu tanto amo

Ou de quem agora eu não mais escuto,

Não mais ouço a voz, apenas ouço ecoar

Ou altíssono, zumbir nos meus ouvidos,

O incômodo silêncio da cruel ausência dela.

Citação: Lei 9.610/98.

De fevereiro de 1998.