O Nó
A cada amanhã
No espelho, nos fita
O nó da incerteza
De dentro dos olhos.
E a gente respira,
A gente se ajeita
E parte pra vida,
E parte pro abraço.
Sem sequer saber
O que vai achar
A cada manhã,
A gente caminha.
E enquanto descemos
A escada da alma,
O nó se aperta,
Espera na sala.
E mais outra vez
A gente respira
Bem profundamente
Antes de olhar
Pro que nos espera,
Pois o desespero
Só aperta o nó,
Só lustra o cansaço.
Se for um sorriso,
Ou se for um grito
Tão desesperado
Que a gente engole
Para não causar
Qualquer desatino,
A gente transforma
Os lábios cerrados
Em leve sorriso,
Mesmo que forçado.
E assim, recomeça
Mais uma rotina
Sem qualquer resposta,
Sem qualquer alívio...
E a gente respira
Por sobre o cansaço,
E parte pra vida,
E parte pro abraço...