Espinho

Nem toda dor sangra.

Tem dor que aperta, tem dor que jorra sal.

Tem dor que empurra o coração sobre a parede do peito.

Só que o coração não sai para fora. Ele não é como o ar que se esvai, não é como a água que seca e não apaga como fogo que termina quando a vela acaba.

A dor existe. E como as plantas, ela também se reproduz.

Faz morada, tem semente, fica com sede, pede o sol.

Dor faz isso? Na verdade, a dor é só um modo de ser no mundo, de crescer, de existir. Ou não. O que será essa mais sentida do que chamada, dor?

Fernanda Flora
Enviado por Fernanda Flora em 31/03/2022
Código do texto: T7484706
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