Queria cantar mas sou mudo
O que dizer sobre aquela vontade que come as viscerás do coração?
O que fazer para se conformar no silêncio?
Se acomodar na escuridão que agasalha as costas
Agachado, com fome e com frio
Minha língua invisível
Só e sem do, ré, mi, fá
Poderá eu cantar o canto da tristeza
Sinto o fogo do sertão queimando as minhas entranhas
Só Deus sabe a dor que golpeia minha garganta
Minha alma é um urutau
Minha língua invisível
Só e sem do, ré, mi, fá
Abraço a solidão quando a voz se agita pelas cordas vocais
A saliva é salgada e rasga o desejo
Oh ânsia que maltrata o meu peito!
Cantiga de fantasma e atropelo!
Minha língua é invisível
Só e sem do, ré, mi, fá