QUASE UMA PALAVRA

 

 

Desceu transparente nas gotas de chuva.

Seu som, o silêncio.

Um sopro no ar, um beijo de vento.

Algo que nasceu entre os lábios

E na mesma hora, voltou-se para dentro.

Esteve parada entre o lápis e os dedos,

Olhando para a folha, morrendo de medo.

No arco do braço foi redesenhada

Porém, ninguém percebeu seu intento.

Sentada no alpendre, viu o sol se por,

Teve finalmente, um breve vislumbre

Do que poderia ter sido o amor...

Mas dentro do peito, ela adormeceu.

Só pôde ser ouvida por quem a enxergou

Na menina dos olhos, nos riscos da íris

Daquela que se calou.

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 04/03/2022
Código do texto: T7465120
Classificação de conteúdo: seguro