CEDO DEMAIS
Tanto para ainda ser,
Tanto sonho para realizar,
Tanta vida para viver...
Para resplandecer ante o mar.
Tanta luz para refletir,
No ir e vir da rodovia,
Tanto motivo para sorrir,
Tornar mais leve a travessia.
Tanta conversa para jogar fora,
Tarde afora, noite adentro,
Sem pressa de ir embora,
Apenas, se projetar no som do vento.
Tanta coisa para advir,
No roteiro de um veterano,
Inaugurar esquinas, fluir...
Com os erros e acertos de um ser humano.
Tantos limites para transpor,
Tantos outubros para soprar vela,
Tanta paisagem, tanta cor,
Para contemplar além da janela.
Tantas manhãs para acordar,
Ao lado da fiel escudeira,
Que prometeu te amar,
E te amou... se doou inteira.
Tanto ainda para ascender,
Deixar o seu voo completo,
Paulatinamente envelhecer...
Se reencontrar no olhar do neto.
Mas, a morte não esperou sua velhice,
Você partiu antes do combinado, talvez,
Deixou uma saudade, um eclipse,
E almas repletas de porquês.
Almas que encaram a realidade,
Em busca de algo novo no front,
Quem sabe na imensidade,
Nos encontraremos ao som,
De Nikka Costa, On my own.
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Para Paulo Souza França
Em memória.