Pungência
Tristeza profunda...
Não sei qual abismo,
Atroz cataclismo
Que tanto me punge,
Me afeta e, sim, unge
De vil morbidez,
Total languidez
Que vem com cinismo.
Não tenho lirismo;
Não tenho sorriso;
Não tenho juízo...
Fundiu o meu ISO
Sem luz de fanal
Que teve o egoísmo
De ver todo o mal,
Fazendo um portal
Pra o cume tão tosco.
Meu olho já fosco
Se perde no breu,
Faz juz ao leneu
Que orquestra o meu fim,
Meu fétido fim;
Meu mórbido fim;
Meu trágico fim
De duro calvário;
De rijo calvário,
Cruel, solitário,
Nenhum galarim.
Meu Deus!... Ai de mim!
Tristeza profunda
O meu peito inunda,
Transborda e desbunda
De dia, de noite,
Na hostil madrugada
Com conto de fada
Que tem vagabunda,
Também vagabundo...
E este o meu mundo?
Meu Deus!... Ai de mim,
Que morro tristonho!