LAMENTO

Calada ficou a voz na madrugada

Nada se ouvia além do lamento

Que se misturava com a escuridão.

A aurora cada vez mais distante

O frio em prenúncio de uma solidão insistente,

Parecia o fim!

A tristeza sombria pairava por sobre o quarto

Caíam as estrelas no lapídeo vão da saudade

Lágrimas em torrentes submergiam as mãos tiritantes

Que inutilmente procuravam alcançar o nada.

Vã esperança!

Os olhos cegos, cegos de uma dor doída

Que induzia os lábios a pronunciarem silêncio

Silêncio que perseverava com seu amarume

Transmutando a alegria em lamento

No coração arquejante da alma só.

Parecia o fim!

O sol, a lua, o céu,

Confundiam-se atordoados no firmamento

E a chuva secava os desejos do corpo exaurido

Fragilizado pelo fragor da palavra mal dita

E e a preterição da palavra não dita,

Que o combaliam com sua devassidão.

Cursava a noite, como cursa toda noite

E ao seu findar dá lugar ao dia

Enquanto o corpo, inerte e macilento

Contraía-se em sua insipidez

Em desalento renegava a vida

Pois acreditava que chegara o fim.

Nádia Mourão
Enviado por Nádia Mourão em 20/11/2007
Reeditado em 17/10/2008
Código do texto: T744378
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