Quiçá
Quiçá esse dia termine,
e eu possa enfim descansar,
e talvez o tempo me ensine
que o agora não me define
e que não há vergonha em chorar.
Quiçá esse dia termine,
e o fim não me seja fatal
e o medo do escuro definhe
e nasça uma flor amarela
no lugar da raiz desse mal.
Quiçá ao findar desse dia
seja terno e profundo meu sono,
sem vislumbre ou fantasias,
sem lembranças do que havia,
sem cama, coberta ou colo.
Quiçá eu me encontre no ar,
flutuando sem rumo no nada,
e talvez eu não queira par,
continue eterno a vagar
e liberte minha alma cansada.
Quiçá, por fim acordado
no derramar de uma nova aurora
eu aprenda com meu passado,
e consiga deixar de lado
esse tanto que é o agora.