O abandono.

-Pois seu amor escorre entre dedos

Longe, esse baluarte está:

Amor, vírgulas, sofreguidão.

-Tenho lembranças do vento sul

Soprava-me entre palmeiras, flores, relva.

Porém, na sombra teu corpo

Gritava em silêncios: autoritário, nu.

-Não é esse o lampejo dos fracos?

A imagem dos teu beijos esquecidos?

Era bálsamo, rugas, salivas, unhas,

Conquanto, hoje, apenas: solidão.

-O verso de amor que te escrevo

É como teu filho órfão:

Coloquei no seu ventre cheio de sêmen

E tu o abandonaste diante da desesperança

De um deus pagão!!

Arthur Guimarães
Enviado por Arthur Guimarães em 20/01/2022
Reeditado em 10/04/2022
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