Castelo de Cartas

O pente

Seu cabelo, ele penteia

Vigor, seus ossos

Ele serpenteia

Esperança, te abraça

E te rodeia

Tantas bênçãos, ela semeia

Somente enquanto você estiver

Na sua teia

Viúva negra

Sua plenitude, ora ela violenta

Ora ela acalenta

Ela é tormenta

Na qual você assenta

Se escapar, pensa

“Estaria eu, livre dela

Tomado por doença?”

Cada carta

Do seu castelo, arrancada

Cada uma

Por farpa

Rasgada

Surrada

Maltratada

Destroçada

Toda agressão, disfarçada

Envelopada

Como amor perfumado

Em carta

Você ignora

A maldade que aflora

Desta esbranquiçada flora

Sentimento ruim, você chora

Seu socorro, ela sufoca

Seus olhos, para o mundo lá fora

Ela os oculta

Enquanto tua boca saboreia

Sua doce e venenosa

Amora

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 05/01/2022
Código do texto: T7422579
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