Mortes:
618.***
Contabilizem-se...
Quem já não perdeu um conhecido,
Um vizinho, um parente,
Um amigo do peito
Que lhe fez apertar, coração?
Quantos já não velaram num leito
A morte de vários e vários infelizes sem sorte
Um avô, uma avó, uma filha, um filho,
Um pai, uma mãe, uma irmã, um irmão?
Registrem-se...
Quantas dessas idas precoces, maduras, vividas
Foram apenas desditas somadas!
E quantas outras partidas
Foram acendidas, provocadas
Geradas e cruelmente antecipadas!
Negadas pela omissão
Pela ausência da Fé, somente em Deus
Pela recusa maldita ao amor
Apostando e brincando com vidas
Insisto, antecipando prematuras partidas
Promovendo e patrocinando a indústria da dor!
Punam-se...
Quantos mais precisarão ainda partir?
E aonde está a graça, nesse mal que alastra
Como é que "ele", o inominável
Pode ser parcimonioso com a vida?
Ao mesmo tempo, pérfido!
Parecendo agir sem cupla, sem dolo
Sem limites e sem medidas?
Como consegue, brincar e sorrir...?
Como ainda consegue enxergar-se no espelho
E ver que a luz e o poder estava em suas mãos?
Para minimizar sofrimentos, aliviar coração.
Como é que ainda consegue dormir?
Agora é tarde...
Vai ter que pagar!
Será execrado!
Precisa ser condenado!
Vão ter que punir!