A TENACIDADE DOS DIAS

 

Não pisar com os pés sobre a grama

Por onde histórias estão rastejando

As formigas tecem trilhas para fugir

Dos traços que a sina deixa no curso.

 

Não pintar uma tela com as nódoas

Que magoam a mão em seu desatino

Pensar que o céu pode ter a outra cor

E que os olhos se fecham para o amor.

 

Nem exausto com o peso dos remorsos

Meu pescoço se verga perante o vento

Sigo cortando o ar com minhas rugas

Indo em busca de cada folha amassada.

 

Caminhar sobre a relva e tropeçar em vão

Nos erros que afloram diante dos pés gastos

Cambaleante penso que passos são palavras

Escrevendo poemas em praças de guerra.

 

Tento adiar o time da minha queda final

Mantendo meu corpo sobre a tenacidade

Dos dias que avançam vorazes sobre mim

Dizendo que a areia é cada vez mais escassa

Na ampulheta esquecida em alguma dobra

Do tempo em que eu era apenas ingênuo.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 07/12/2021
Código do texto: T7402148
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.