Alma de escritor

Houve boatos sobre minha morte antes de ontem

Mas ainda estou vivo

De alguma forma nada faz sentido

Vivo como um replay

Vidas passadas que tomaram decisões ruins

Vidas que respiraram e não entenderam

Que a vida não é um rascunho

Quantos erros até perceber que não haverá outra folha

Não acredito que esperarei o terceiro dia

Amanhã estarei de volta

 

Houve boatos sobre minha morte ontem

Não sei o que dizer

Apenas prefiro ficar calado

Longe da luz a escuridão precisa de mim

As ruas têm os faróis

Sua casa, um abajur

Minha mente precisa do risco da minha luz

Estou longe demais para entender como expandi-la

Não estou a fim de esperar o terceiro dia

Amanhã estarei de volta

 

Houve boatos sobre minha morte hoje

Tive muitas vidas, mas do que adianta, eu sempre acabo sobrevivendo

Vivo para testemunhar novamente minha estupidez

Vivendo como um replay

Não parece que aprendo muito apesar da dor

Será que você esteve presente em minhas outras vidas

Talvez, bem fácil, acredito que sim

Se você lembrar me diga se sorriu ou apertou seu coração

Irei ignorar o terceiro dia

Amanhã estarei de volta

 

Haverá boatos sobre minha morte amanhã

Não deixe que se espalhem, alma silenciosa e agoniada

Também não mostre sua agonia por aí

Guarde-a em seu coração, se eu ver poderei mudar de ideia

Meu coração não aguenta você triste, antes eu do que você

Sempre lutarei por seu sorriso, Florzinha

Eu só precisava realinhar meus pensamentos

Eu só estava dormindo profundamente

Esquecerei o terceiro dia

Amanhã estarei de volta, novamente

 

Não haverá um novo rascunho

Não hoje, não amanhã, nunca

Sinta a dor e aprenda

Sinta a dor e cresça

Pegue a dor e sinta prazer, alma de escritor

Pegue a dor e escreva

Não espere pelo terceiro dia

Por uma vida novamente

Amanhã, acorde e ferre com tudo mais uma vez

Amanhã estarei de volta, outra vez