Interlúdio da emoção
Academia Virtual de Letras António Aleixo
Patrono: Frei José de Santa Rita Durão
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 39
Acadêmico Vitalício
Interlúdio da emoção
Para escrever com emoção.
Mas que emoção é essa tal, meu Deus?
Se o grito já nasceu calado...
Se o braço, este sim, já veio armado,
se a vontade já é quebrantada,
se o mar secou e a garganta é seca?
Para escrever com emoção.
Mas que emoção é essa tal, meu Deus?
Se a vida não se cumpre mais...
Se linhas, palavras não servem,
se tudo que era, não é mais não,
se o que se dizia, não se diz?
Para escrever com emoção.
Mas que emoção é essa tal, meu Deus?
Se meu coração não bate assim...
Se não reconheço ninguém,
se tudo ficou escuro e tenso,
se meu tempo passou e não vi?
Para escrever com emoção.
Mas que emoção é essa tal, meu Deus?
Se quem é pobre, nem voz, nada...
Se quem pode, não faz nada não,
se tudo é plástico, não dura,
se tudo morreu e não se enterrou?
Para escrever com emoção.
Mas que emoção é essa tal, meu Deus?
Se o horizonte não se vê...
Se a canção não se canta mais,
se o céu esqueceu dessas estrelas,
se eu fui e não voltei nunca mais?
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)