Novos caminhos
Leva contigo o silêncio dessa casa desventurada.
Acerca-te desse quarto sem ressentimentos!
Invada com tua verdade esse ser cansado, vacilante.
Não tarde, escondida em ti mesma, nessa clausura.
Caminhas docemente por essa estrada e te acercas.
Deposita tua cabeça ao meu peito, nessa tarde evasiva!
Saia dessas quimeras, desse silêncio corrosivo,
atravessando essa rua escura, não hesites, não esmoreça.
Já tivesse eu nascido em ti que não me escuta.
Hoje não estaríamos esquecidos pelo tempo, na distância,
já não haveria no presente esse crepúsculo,
entre cicatrizes nesses tempos em descompasso.
Escuta, antes que se apresente um novo amanhã de incertezas!
Sou homem ilhado, soturnamente, nesse teu manto de esquecimento.
Esperançoso nesse universo desigual, nessa luta, sem recompensa.
Curvado pelo tempo da espera, impregnado nesse mundo ensimesmado.
Leva contigo o silêncio da tua casa, deserto construído nesses tempos.
Deixa-me amá-la ao som melódico, sem promessas, desmedidamente.
Já não há pressa, só vazio na composição desse quadro destoante.
Não há lamentações nesses tempos perdidos, torturantes!
Olha bem a tua volta, sussurrantes ventos pairando nessa paisagem,
nas facetas dessa vida de arremedos, destoante, ressurge esperanças.
Olha o tempo de caminhos novos, transcendental nessa entrega,
no descompasso de desejos, ressurgem olhares de amantes afoitos!