AMARGURADO

Sou gota que verte de olhos marejados

Fio salgado escorrendo em face arisca

Sou gemido que grunhe de peito dorido

Som guturado soluçado censurado ímpio

Sou tropeço de flácidos pés descalços

Passos indecisos calejados vagos

Sou aceno de mão trêmula adeusando

Gesto tímido em braços dependurados

Sou sorriso afilado de dentes podres

Boca calada depravada abjeta muda

Sou sombrio desejo de tudo poder viver

Sou a saudade de tudo poder querer

Sou o que jamais quis sonhar ser

Sou a vida que delonga ser vívida

Sou o que sou um exaurido vate

Sou a liberdade torturada: Sou;;; e.

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 17/11/2021
Reeditado em 21/11/2021
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