Casa Assombrada
É uma casa assombrada,
Assombrada por um passado,
Que ecoa pela parede quebrada,
Pelo murro assaltado.
Há gritos silenciosos,
Um tão quão onerosos,
De vozes que falam longe,
Ou deixaram de falar conosco.
É uma casa assombrada,
Assombrada por pessoas,
Vivas que não são família,
É uma ilha.
Não há mortos,
Nem cadáveres,
Humanos soltos,
Pios de aves.
Uma casa assombrada,
Onde vivo uma família morta,
Assassinada por desgostos,
Família terminada.
Eu assombro essa residência,
Sou a sobra da família anterior,
Com um pai que não me quer,
Só se importa em ganhar dinheiro.
Uma casa assombrada,
Assombrada por poeira,
Desses móveis que não são seus,
Dos quartos que não são seus.
Uma casa assombrada,
Assombrada por um filho e neto,
Que há muito foi um feto,
De uma família destronada.
Uma casa assombrada,
Por traição e ressentimento,
Fez a gente ficar com raiva,
Destruiu assentamentos.
Uma casa assombrada,
Sem porão, nem rituais,
As vezes momentos paranormais,
Pesadelos que não acabam mais.
Sem árvores com cordas,
Apenas uma estátua que se move,
Tic e tac sem relógio,
Chamados sem pessoas.