Refúgio no escuro
Refugiada de mim mesma, nadei e morri na praia, meu corpo é uma embalagem orgânica que de tanta droga assemelha-se a ectoplasma.
Minha escuridão é invasiva, não pede licença para se propagar, invade o sistema nervoso e me mata aos poucos. Quem dera eu morresse de vez ao invés de morrer parcelado.
Os cortes internos não cicatrizam e a minha saliva tem gosto de dor.
Aguentar a dor para não provocar a dor dos outros, tanto golpes que já sou irreconhecível, olho-me no espelho e já não me reconheço, me sinto uma estátua de gesso que vai quebrar quando cair.
Eu me escondo dentro de mim, pois já não sei mais para onde fugir, talvez seja a hora de sair de cena para entrar para história mal contada de minha vida.