Refúgio no escuro

Refugiada de mim mesma, nadei e morri na praia, meu corpo é uma embalagem orgânica que de tanta droga assemelha-se a ectoplasma.

Minha escuridão é invasiva, não pede licença para se propagar, invade o sistema nervoso e me mata aos poucos. Quem dera eu morresse de vez ao invés de morrer parcelado.

Os cortes internos não cicatrizam e a minha saliva tem gosto de dor.

Aguentar a dor para não provocar a dor dos outros, tanto golpes que já sou irreconhecível, olho-me no espelho e já não me reconheço, me sinto uma estátua de gesso que vai quebrar quando cair.

Eu me escondo dentro de mim, pois já não sei mais para onde fugir, talvez seja a hora de sair de cena para entrar para história mal contada de minha vida.

Ligia Albarracin
Enviado por Ligia Albarracin em 18/10/2021
Código do texto: T7366374
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