Borboleta Amarela
Uma borboleta amarela habita em minha mente
mas ela só voa quando bem entende
ou quando existe motivos para ela planar calmamente.
Toda noite eu a coloco para descansar
já não existe mais um casulo para ela se esconder
um conforto, uma válvula de escape
sempre que preciso dela já é tarde.
A luz do dia eu dou comprimidos a ela
para que o peso do mundo não caia sob suas asas
e a luz do luar ela está melancólica demais para conversar comigo
então me afogo
em uma garrafa de uísque
para suportar
mais
uma noite.
Me pergunto mas não sei responder "onde foi que eu errei ou acertei"
então eu espero
porque eu nasci e
porque o suicídio não deu certo?
Mas eu não a chamo, não imploro por presença carnal, espiritual ou sentimental
apenas aceito as noites gélidas e agoniantes
ela me diz que é impressionante eu ficar instável em instantes.
Minha metamorfose existe para que eu alcance meu maior nível de dor
sem ao menos dizer uma única palavra
não anseio por ajuda
mas eu estou melhorando nisso, não estou?
Pois é minha borboleta amarela
fui privado de tudo quando era jovem
então vivi intensamente
como se fosse
o último dia da minha vida
eu só não contava com aquelas
minhas mortes diárias.
—Jackson Campos