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Estou queimando na minha própria chama e renascendo mais uma vez como cinzas

Sinto-me apático olhando o brilho dos cortes do meu pulso

Comprimidos estão a mesa, me fazem flutuar

A corda e eu sempre estamos a flertar.

Você não fuma cigarros para aproveitar a vibe

Apenas enrola os sentimentos para que destruam seus pulmões

Antes de desmaiar eu trago mais uma vez

A fumaça sobe mas o oxigênio não vem ao meu cérebro

Eu só quero me anestesiar mais uma vez para que eu não sinta nada.

Não consigo absorver a luz do sol como antes

Minha mente se tornou fria e escura com todos esses anos

Sempre cavucando ao redor de um buraco que fica mais escuro dia após dia

Então fica impossível vir a superfície novamente, tudo isso está me soterrando...

Antes que eu exploda meu crânio eu vou beber só mais uma vez

A mesmo bebida que fazia o pai bater nos filhos e na esposa

A mesma substância que destruiu a criança hiperativa

"Nossa mas ele era tão elétrico e agora aquietou, que coisa não é?"

É que sempre quando o pai dessa criança chegava bêbado tinha que se esconder, pois é...

A vida pisou em minha garganta e cuspiu em minha cara várias vezes...

ela me deve muito, me deve a morte

mas ela está atrasada

ou o meu sofrimento que está se propagando rápido demais?

Contudo minha alma trava mais uma vez no meio da noite e minha dor escreve essas poesias

Cada letra, palavra, verso e estrofe é fruto de uma vida repleta de caos e agonia...

E está parecendo que minha morte será causada por esses demônios

Mas eu sou cada um deles

Alimentei cada um com um trauma que guardei todos esses anos

Mas tudo bem, o meu conforto são

aquelas 6 lâminas, as 6 balas e uma cova com 6 pés de altura.

— Jackson Campos