Da dor que nunca passa
Hoje não está melhor,
Não dói menos.
Hoje é ontem,
Nada mudou.
Olho no relógio, as horas são as mesmas.
O sol nasceu de novo.
A dor também veio.
Ela entra pelos olhos através de uma foto,
de um nome.
Ela dorme,
mas acorda à lembrança de uma voz,
de um toque,
um carinho.
Não quero ver pra não lembrar,
mas a dor insiste em ver pra doer.
Meu mundo não é mais do que uma dor aguda,
infinita.
Passo por ser de mim mesma um arremedo do que gostaria.
Passo por não poder ser ninguém.
Não é só poesia,
é dor concreta,
lancinante,
indelével.