𝖯é 𝖽𝖾 𝗆𝗈𝗅𝖾𝗊𝗎𝖾

Lá no sul das Gerais eu vi

Um moleque cascudo

Piranguinho na língua tupi

Era o nome do município

Imundo!

O moleque estava na igreja

Desta cidade que festeja

A festa do pé de moleque!

Garoto, não pise descalço

Este chão está muito gelado

Mas, o garoto era morimbundo

Esfarrapado neste mundo

Pelintra como ninguém

Salve o seô Zé também!

Ele não tinha nenhum tostão

Era minúsculo na multidão

Vivia roubando na vendinha

No interior, na rocinha

Sem nenhuma companhia

Era festa junina!

Guloseimas nas barracas

Cai, cai balão, mas não mata

Este moleque esfomeado

Comia até os farrapos

Cheio de doces na mão

Pessoas passavam no estradão

Ficavam com pena do menino

Seu apelido?

Pé de moleque!

Porque ele era muito pidão

Comia as migalhas no chão

Pão dos pombos na pracinha

Brincar como a elite, não tinha

Pé de moleque era arteiro

Diferente das outras criancinhas

Na frente da Igreja ele pedia

Rogai por mim!

Era tudo o que queria

Falava e ninguém ouvia

De repente, ajoelhou na escada

Do templo daquela jornada

Ouviu o chamado de Tupã

Pede moleque!

Você tem a mente sã

Moleque chorando estava

Algo o tocou!

Foi a flecha do Caboclo

Que o aliviou!

Pé de moleque não rouba mais

Pediu a Tupã: me livrai

Deram um banho no menino

E um chinelo de presente

Pé de moleque se reergueu

Mas só que ficou sem dente

Houve bangue-bangue

Aquela noite não foi serena

Menino caído como pena

E assim se foi, Pé de moleque

Parar do outro lado da vida

Pobre menino, descansou

Agora não teve mais saída.

Karol Pisaro - Quinta-Feira - 30/09/2021 às 14h03min.

Karol Pisaro
Enviado por Karol Pisaro em 02/10/2021
Código do texto: T7354886
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