𝖮 𝗊𝗎𝖾 𝗆𝖺𝗂𝗌 𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖽𝖾 𝖿𝖺𝗓𝖾𝗋
Nesse âmago amargo no peito
Solidão, desrespeito!
Gosto de me destruir
Fumaça aqui e ali
Vivo me afogando em lágrimas
O que mais gosto de fazer
Não está no cardápio do almoço
É um belo desgosto
Gostoso!
Que atrai a minha calmaria
Destruindo minha alegria
Eu acordo de manhã
Eu vejo a luz do dia
Tomo um café
Saideira não tem
Uma breja até que cai bem
Mas, café combina mais
Com a fumaça derradeira
O último maço está na mesa
Último, não!
Põe dois na conta do freguês
Para brincar com a insensatez
De um pulmão com cascão
Ar ainda tenho
Mas, se brincar, vai vendo!
Não quero doença
Não quero desgosto
Não quero desrespeito
O que eu quero é só aconchego
Deito em meu berço
Toda a tarde
Lágrimas caem
Porque eu ando preocupada
Não só com a fumaça
Me corroendo, estou
Frustração
A vida me deu milhares
Estou à espera de um milagre
Para curar minhas feridas
De um passado sem saída
Será que a saída tem?
Solitária como ninguém
O que mais gosto de fazer
É um maço de cigarro, acender
Preocupação!
Não só com o cigarro na mão
A vida como um todo
Está me sufocando
E eu fico a ver navios
Não sou cinderela do lar
O pito de hoje me destrói
Pitar é algo que corrói
O que mais gosto de fazer
Junta arte e poesia
Na angústia de minha vida
Deprimida!
Gosto de ver a Lua da varanda
Hoje ela apareceu bem branda
Assim como eu, sensível
Um amigo para conversar
Cadê?
No escuro eu me encontro
Nenhum "oi" aos meus ouvidos
Preciso mais do Divino
Minha vida está virada
De cabeça para baixo
E graça nenhuma eu acho
O que eu mais gosto de fazer
É parar para fumar um cigarro.
Karol Pisaro - Terça-Feira - 24/08/2021 às 12h56min.