O demônio mais humano que vive

Sou um demônio,

Não tenho pele avermelhada,

Sou Homônimo,

Mas sem a face endiabrada.

Não tenho asas,

Nem dentes afiados,

Não rogo pragas,

Nem tridentes apontados.

Tenho alma,

Mas sou desalmado,

Perco a calma,

Um profano irritado.

Mas, por qual são meus pecados,

Pecar é humano,

Quais são meus números nos dados,

Azar é mundano.

Culpo Deus pelos meus atos tiranos,

Feito a imagem de Deus,

Culpo Deus pelos meus erros humanos,

Semelhante a todos os seus.

Caim matar Abel,

Foi um ato divino,

A queda da torre de Babel,

Um aviso sínico.

Todo pecador,

A imagem de Deus todos tem,

Em verdade ou dor,

Aqui à Jerusalém.

Sou a escória com face do Senhor,

Aquele que dá a vida,

O ceifador,

A rédea curta.

Sou o demônio humanamente falando,

Vivo e respirando,

Sou Deus nas piores qualidades,

A escória de suas verdades.

Deus, não me responde,

Qual o motivo do meu tormento,

Me fala onde,

Onde errei no meu monumento?

Me esculpi a óleo e sangue,

Para me tornar um ser tirânico,

Aguentando silêncios,

Transtornos ciumentos.

Qual o objetivo do meu sofrimento,

Sou peça da vida?

Aprendizado ou entretenimento?

Ou o ator principal da ópera?

Sou culpado, mergulhado em cólera.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 10/09/2021
Código do texto: T7339597
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