Tatuagem das horas.
Todos os dias eu tomo todas minhas pílulas e torço pra nunca mais acordar.
Eu fecho os olhos e sinto como se eu tivesse que arrastar o mundo, eu sinto o peso dos dias tão profundamente que me dói as costas.
Poderia simplesmente largar todo o fardo e infelicidade e seguir, mas eu não consigo, pois a infelicidade vive grudada em meu couro, como uma tatuagem amarga rabiscada com agulhas de tormento.
Eu sofro no bater das horas, a cada meio dia e meia noite... E me dói a cabeça. Se torna dificultoso viver com isso, dormir e acordar com o inferno interno.
Por isso, sinto que não deveria mais estar aqui, nessa vida, nesse instante.
E mais uma hora se vai, fecha o ciclo, meia noite. O tic tac não mente.
Queria ir, mas infelizmente vou ficar. Amanhã acordarei de novo, sã e salvo, com vida... Mas de que adianta se tudo isso se repete?
E com vida continuo o quase morrer.