A BÚSSOLA QUEBRADA E O VAZIO QUASE PERFEITO

O azul da noite paira, eu encaro uma rosa vermelha

Nos escombros, nos vales e nos cantos, eu canto

Independente de qualquer coisa, eu canto

Ao observar a lua cheia e gigante, eu me sinto cada vez mais distante, sentada numa telha

E nas dolorosas horas do tédio impertinente, eu torço para que ouçam o meu canto

Eu sou uma bússola quebrada

Pois ela não sabe para que lado vai, eu sinto falta de companhia mas almejo a solidão

Vivo como quem quer saber a absoluta solução

Para tudo, para os mistérios do mundo, para as coisas não explicadas

E enquanto eu estou parada, o tédio começou a exceder o meu coração

O céu é lindo em qualquer estação, mas as estrelas da cidade são ofuscadas

E os prédios não me dão consolo, e todos seguem, cada um na sua vida

É como se eu fugisse sem que ninguém me persiga

Eu penso em tudo e penso no nada, eu penso em tudo e penso no nada

E no fim, por mais que eu queira transformar esse universo em poema, ninguém liga

Eu almejo uma solidão que seja construtiva nesse mundo

E entre as rosas e as telhas, eu encontro o que eu tenho direito

Eu sou um vazio quase perfeito

Eu não tenho o que pensar e não tenho o que fazer, não sou nada um único segundo

Tudo o que me impede de ser um vazio perfeito são os sonhos aos quais me deleito

Que, de fato, me fazem pensar num amanhã que chegará

Eu não carrego nada na estrada, além de um sorriso no rosto e, depois de brincar, uma roupa toda suja

Além de um pequeno e transparente guarda-chuva

Para me proteger se, em mudança de tempo, uma nuvem pesada surja

Embora eu saiba que nunca vou precisar

Natalia L A
Enviado por Natalia L A em 22/08/2021
Reeditado em 24/08/2021
Código do texto: T7326480
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