A BÚSSOLA QUEBRADA E O VAZIO QUASE PERFEITO
O azul da noite paira, eu encaro uma rosa vermelha
Nos escombros, nos vales e nos cantos, eu canto
Independente de qualquer coisa, eu canto
Ao observar a lua cheia e gigante, eu me sinto cada vez mais distante, sentada numa telha
E nas dolorosas horas do tédio impertinente, eu torço para que ouçam o meu canto
Eu sou uma bússola quebrada
Pois ela não sabe para que lado vai, eu sinto falta de companhia mas almejo a solidão
Vivo como quem quer saber a absoluta solução
Para tudo, para os mistérios do mundo, para as coisas não explicadas
E enquanto eu estou parada, o tédio começou a exceder o meu coração
O céu é lindo em qualquer estação, mas as estrelas da cidade são ofuscadas
E os prédios não me dão consolo, e todos seguem, cada um na sua vida
É como se eu fugisse sem que ninguém me persiga
Eu penso em tudo e penso no nada, eu penso em tudo e penso no nada
E no fim, por mais que eu queira transformar esse universo em poema, ninguém liga
Eu almejo uma solidão que seja construtiva nesse mundo
E entre as rosas e as telhas, eu encontro o que eu tenho direito
Eu sou um vazio quase perfeito
Eu não tenho o que pensar e não tenho o que fazer, não sou nada um único segundo
Tudo o que me impede de ser um vazio perfeito são os sonhos aos quais me deleito
Que, de fato, me fazem pensar num amanhã que chegará
Eu não carrego nada na estrada, além de um sorriso no rosto e, depois de brincar, uma roupa toda suja
Além de um pequeno e transparente guarda-chuva
Para me proteger se, em mudança de tempo, uma nuvem pesada surja
Embora eu saiba que nunca vou precisar