TRISTEZA
A tristeza é um rastro de pedras,
É o hino da dor em louvor às lágrimas perdidas.
A vida nos ensina a crer na felicidade
Até que se abram as portas da desilusão.
E quando estas se abrem
O coração, lentamente, morre.
Eu vi a cor se dissipar diante meus olhos.
As ondas do mar silenciando os momentos
Enquanto as estrelas tombavam na solidão.
O que nasce do desconhecido instante
Em que antes éramos felizes.
Algozes curvas do destino
Que fazem do menino, um homem.
Sem nome ou razão de ser
Insiste em permanecer na alma,
Roubando-nos a calma.
Faz-se homem no silêncio,
Soluçando dentro de si
A angústia do ontem
E a incerteza do amanhã.
Chama-se tristeza
As cicatrizes entalhadas nos sonhos
E a melancolia de não mais enxergar no sol,
A luz que fazia sorrir todas as manhãs.
Roubam-me o sentido de ser
Os que dizem ter compaixão de mim,
Não será pelo vão pensamento de tantos
Que serão resgatados os encantos
De tudo o que já vivi.
Não escolhi o caminho.
Apenas andei errante
Entre luzes e sombras.
Homem nenhum sabe viver
Sem ter nas mãos
As rédeas de seu destino.
Triste é o tempo de descobrir
Que as horas passam
De dentro para a fora
E nos cabe apenas sentir e calar
Até que o outono
Cubras de folhas o nosso adeus.