Tempo
Tempo! Tempo cruel e ingrato,
Por favor, não pare, volte atrás...
Devolva o sonho e a esperança,
Torna-me novamente criança,
Depois eu morro e nada mais...
Devolva as brancas asas foragidas
Ao meu coração sofredor.
Leve para longe esta negra tristeza,
Devolva a infantil e pura realeza
Que era viver num tempo sem dor.
Como era doce o nascer do dia,
Corria para ter sonhos na aurora
E ver, um verde, beija-flor voando.
Tempo! Por onde está andando
A juventude que foi embora?
A tarde morria num morno crepúsculo,
Despertando os últimos lamentos do sol...
No meu coração já nascia uma tristura,
Misturada com dor e suave amargura.
Meu Deus! Já me sentia perdido no arrebol...
Durante a noite fugia da velha casa
Para ouvir os pequenos grilos cantando
E da sábia e tétrica coruja o seu chiar.
Tempo! Tempo cruel, deixa-me voltar
A ver uma pura gota de luz voando.