O Rei Corvo e o Inverno
Para os corvos,
Amar é morte,
Pois é da vida, a sorte,
São os ovos entre os corpos.
No castelo em ruínas,
Luxo é amar,
Pois onde procurou,
Nunca está lá.
Talvez sua consciência rejeita,
Não aceita,
Que alguém da vida,
Lhe veja sozinho.
Quem veria, espadas ensanguentadas,
Quem amaria, armaduras enferrujadas,
Andar sob um reino destruído,
Reinar junto a um rei caído.
Ninguém ouve a tosse,
Tampouco a solidão,
Não sabe diferenciar,
Realidade de ficção.
Para ele, as flores mortas, germinam.
Os ciclos de água, terminam,
Tem teto sob o salão principal,
Tem fogo, na lareira inicial.
Esconde sob a capa,
Grevas sob o coração,
Aquele que pulsa,
E o que diz ter.
A solidão sempre veio dos ventos gélidos,
De cartas não entregues,
De sorrisos serelepes,
Somente sonhos fétidos.
O reino, sem rainha,
Algo que teu, minha,
Não imagina ela, sob meras memórias,
Gostando dessa escória.
O Rei Corvo é um rei destronado,
Perdido e conturbado,
Prefere colocar-se culpa,
Do que achar o acusado.
Viajando em terras sulistas,
Teve distância do mundo,
Segurando passados,
Ouvindo absurdos.
Por mais que a morte,
Seja sua sorte,
Metaforicamente,
Ele quer dizer.
Gostaria que seu sorriso, fosse o último em seu momento,
Que suas mãos o segurassem ciumento,
A mão quente na morte gelada,
A última sobrevivente, dessa vida inanimada.
Que ela tivesse sua pena atrás da orelha,
Carregasse uma semente que lhe semeia,
Queria mostrar os céus, quase tocando os deuses,
Mesmo que custasse suas asas por tal pé no chão.
Fosse você a última pessoa vê-lo sorrindo,
A última pessoa tocando-o quente,
Aquele com quem marcaria o anelar ao dourado,
A quem contasse seu último respirar.
Tudo que tem, se rompeu,
Ele sempre se aborreceu,
Por ser incapaz,
Por ser tanto faz.
O Rei Corvo é filho da morte,
Alguém do Norte,
O que tem, é pouco a oferecer,
Mas ainda assim, fez ser você.
O que não soube dizer, nos tempos de inverno,
Foi querer-te outra vez,
Precisou criar guerras,
Para ter coragem de escrever.
O Rei Corvo, tem medo da solidão,
Que é sua perdição,
Medo de ser sozinho,
Sem amor e seu sorriso.
O Rei Corvo, é lastimável,
Mas ele quer ser amável,
É frio, nasceu fervoroso,
Melancólico amoroso.
Algum dia, o perdoe,
Como ele tenta se perdoar,
Mas do que vale uma ave,
Se não sabe voar?
Sente sua falta,
Pois de tua malta,
Ele quer descobrir cada vez mais,
E amar demais.
A distância, é inimiga dos pássaros,
Pois dos navarros,
Estavam distantes de amores,
Sobrando-lhes as dores.
Ele não queima,
Tampouco morre de frio,
Mas o que sente em seu peito,
Deve ser seu leito.