Caminhada

Eu olho sob os ombros

A longa estrada que andei

Os matos vão se fechando

Vejo longe um passado de escombros

Que são as marcas de tudo

De um tempo que lá passei

Quando parti, quando ainda estava perto

Tantas vezes quis voltar

Dando voltas no caminho

Feito pássaro sem ninho

Sem ter aonde pousar

Passo a passo caminhando

Perdido e sem rumo

Sem entender o porquê

De ao invés de ir para frente

Eu voltava à minha mente

Para o quê só me fez sofrer

A cada esquina dobrada

Um novo horizonte se faz

A vereda é grande

E o passado vai ficando para trás

Os tropeços e topadas

Dizem muito de mim

Não sei aonde eu quero ir

E nem aonde eu vou chegar

Só tenho certeza que para lá

Nao quero mais voltar

As pedras e os espinhos

Vão cobrindo os meus passos

Sigo minha jornada

A vida revela caminhos

Portas que antes não existiam

De vez em quando uma parada

Se meu passado de ruínas vai se fechando

Vales e flores vão se abrindo

Vou ficando por aqui

Pois o mundo é infinito

Além dos espinhos, das pedras e dos matos

Outros passos pisaram as minhas pegadas

Os destroços que lá deixei

Serviram de abrigo para outros viajantes

Isso já era sabido

Posso ter passado na sua vida como errante

Mas tem coisas que para mim são sagradas

Ah! Mas isso você não sabe.

Eladio Carvalho
Enviado por Eladio Carvalho em 18/06/2021
Reeditado em 19/06/2021
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