Caminhada
Eu olho sob os ombros
A longa estrada que andei
Os matos vão se fechando
Vejo longe um passado de escombros
Que são as marcas de tudo
De um tempo que lá passei
Quando parti, quando ainda estava perto
Tantas vezes quis voltar
Dando voltas no caminho
Feito pássaro sem ninho
Sem ter aonde pousar
Passo a passo caminhando
Perdido e sem rumo
Sem entender o porquê
De ao invés de ir para frente
Eu voltava à minha mente
Para o quê só me fez sofrer
A cada esquina dobrada
Um novo horizonte se faz
A vereda é grande
E o passado vai ficando para trás
Os tropeços e topadas
Dizem muito de mim
Não sei aonde eu quero ir
E nem aonde eu vou chegar
Só tenho certeza que para lá
Nao quero mais voltar
As pedras e os espinhos
Vão cobrindo os meus passos
Sigo minha jornada
A vida revela caminhos
Portas que antes não existiam
De vez em quando uma parada
Se meu passado de ruínas vai se fechando
Vales e flores vão se abrindo
Vou ficando por aqui
Pois o mundo é infinito
Além dos espinhos, das pedras e dos matos
Outros passos pisaram as minhas pegadas
Os destroços que lá deixei
Serviram de abrigo para outros viajantes
Isso já era sabido
Posso ter passado na sua vida como errante
Mas tem coisas que para mim são sagradas
Ah! Mas isso você não sabe.