Arruma a casa e a alma
Arruma a casa e a alma, tudo novo...
As flores, as asas, o prato, a pata, o ovo,
Artigos e artroses, tosses e espirros;
Suspiros, loucuras, tristeza em trilhos...
De cortinas, de trem, frisos, freios,
Feios versos, não valem um vintém;
Arrumar a alma e a casa, também...
As portas, as janelas, cartas, correios.
Correria, só o pensar viaja a divagar,
Devagar em seu vagar, voa, repousa;
Pousa e grita bem alto: Não vai voar!
Nunca mais, diga isso, alma que ousa...
Ouça a voz do tempo, não feche tudo,
Não deixe mais um calar nesse mundo;
É fundo o poço de tristeza, é frio, mudo,
Escuro, gélido, gotejar de dor, profundo.